Egresso da UNIGRAN é o 1º indígena em processo seletivo pela UFPA

Almires Martins Machado irá atuar no Instituto de Ciências Jurídicas (ICJ), no Programa de Pós-Graduação em Direito (PPGD) e na Clínica de Direitos Humanos da Amazônia (CIDHA) da UFPA

| ASSESSORIA


Almires Machado durante a posse na UFPA. Foto: Alexandre de Moraes - Ascom UFPA

O egresso do curso de Direito da UNIGRAN, Almires Martins Machado, é o 1º indígena admitido, através de processo seletivo específico, na Universidade Federal do Pará – UFPA, em Belém. O professor doutor se formou em 2004 na UNIGRAN e, logo após, foi aceito no mestrado na Universidade do Pará.

Vivendo um momento histórico, tanto para ele, quanto para a universidade, Almires conta que a jornada até a conquista não foi fácil. O índio terena entrou na Instituição em 1998, quando UNIGRAN ainda era conhecida como Socigran, mas, para que isso acontecesse, ele precisou esperar 12 anos, trabalhando em canaviais de Dourados.

“Era algo surreal considerando que a universidade não era um espaço para o indígena. Um mundo novo, estranho, pessoas diferentes, outra língua, o ‘juridiquês’, senti-me deslocado de tudo, no entanto estava lá para ficar”, comentou o professor.

Ele lembra que, junto à Fundação Nacional do Índio – Funai, elaborou um projeto para “abrir as portas” das universidades douradenses para os indígenas da região, porém somente a UNIGRAN aceitou fazer parte da iniciativa, reservando, inicialmente, 100 vagas nos cursos ofertados na época, com isso, Almires escolheu Direito como graduação.

“Para a comunidade era um marco, pois havia quem estivesse pronto para acessar a universidade, porém não havia condições para tal e, naquele momento, a condição chegou. Então, vieram indígenas de outras aldeias do sul do Estado, além de Dourados. Hoje, muitos dos profissionais da saúde, educação e de outras áreas do conhecimento, estão exercendo a profissão, graças a esse desafio aceito pela UNIGRAN”, ressaltou o indígena.

Almires afirmou que o projeto aceito pela UNIGRAN foi o “embrião do que futuramente veio a ser entendido como ações afirmativas”. Desde então, ele não parou mais de estudar. Logo após a graduação, finalizada em 2004, ele foi para o Pará, onde começou seu mestrado em Direitos Indígenas na UFPA. “Em 2009 defendi a dissertação, aprovada com louvor e indicada para publicação. E foi publicada na Espanha”, contou.

Além das conquistas no Brasil, como ser convidado para ser assessor indígena no Governo do Pará e defender sua tese de doutorado em 2015, Almires foi convidado pela ONU para participar de eventos em Genebra e, em 2013, passou 21 nos Estados Unidos, a convite do governo americano.

O professor aponta que, se a UNIGRAN não tivesse aberto as portas para a comunidade indígena da região, provavelmente, nunca teria conquistado seu diploma, títulos e oportunidades.

“Na verdade, meu primeiro emprego em uma Instituição de Ensino Superior foi na própria UNIGRAN, como auxiliar de serviços gerais. Olha o salto! Agora docente na maior universidade federal do norte do País. Se não fora a abertura das suas portas para indígenas, provavelmente ainda estaria nos primeiros anos da jornada acadêmica. A UNIGRAN abriu caminho para que eu pudesse, hoje, estar docente universitário e em breve no pós-doutorado”, finalizou Almires.



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