Reforma da Casa do Artesão: demolição da alvenaria já está concluída

A previsão de entrega da obra para a população é em outubro deste ano, mas o Estúdio Sarasá, responsável pelo restauro, está trabalhando para entregar um pouco antes.

| KARINA LIMA, FUNDAçãO DE CULTURA


Foto: Edemir Rodrigues

Contemplada pelo pacote do Governo do Estado “Retomada MS”, a Casa do Artesão, unidade da Fundação de Cultura do MS, recebe recursos no valor de R$ 2,2 milhões, que estão sendo utilizados na reforma completa do prédio. A parte de demolição da alvenaria já está toda concluída.

Segundo Gianne Fabian, arquiteta da Agesul, que estava no prédio na manhã desta sexta-feira (04), a previsão de entrega da obra para a população é em outubro deste ano, mas o Estúdio Sarasá, responsável pelo restauro, está trabalhando para entregar um pouco antes. “Agora estão raspando as esquadrias, a fachada, onde vai ser feita a restauração. A importância do restauro do prédio se dá pelo seu histórico, vai manter aspectos originais para não perder a história, como era feito antigamente, entregando um espaço mais apropriado para a população, com ambiente de convívio, estimulando as pessoas a fazer a visitação”.

Antonio Sarasá, do Estúdio Sarasá, é o responsável pelo restauro da Casa do Artesão. Ele explica que neste momento, como é período de chuva, não se pode mexer muito na cobertura. “Estamos trabalhando mais na parte interna. A partir de abril vamos mexer mais na parte externa. A estrutura da cobertura vai ser bem mexida. Na parede, que é o pulmão da casa, vamos colocar reforços na estrutura para segurar melhor o telhado, que está se movimentando e inclinando. Usamos o microscópio digital para aferir a consistência da argamassa. Antigamente as construções eram feitas em fundação direta, a água fazia parte da construção. Hoje não. Nós vamos retirar toda a tinta acrílica da fachada, aplicar argamassa de cal e silicato de potássio, que permite a transpiração do edifício, aí não vai ficar mais com problemas de umidade”.

“Tem muita terra na argamassa, isso dá uma série de problemas que começam a degradar a casa como um todo, porque vai subindo a umidade. Com a estratigrafia observou-se a cor amarelo original, que vai ser mantida. Nós vamos voltar a trazer a fisiologia da Casa, como ela era em suas origens. A gente está aprendendo com a Casa, ela vai se contar como ela era, qual era a roupa que ela se vestiu na sua juventude. Fazer esse restauro é se encantar e encantar as pessoas. Elas têm que vir aqui e sentir uma emoção, uma relação de pertencimento. É muita paixão envolvida, muito encantamento. Nós queremos passar para as gerações futuras esse conhecimento”, explica o restaurador.

Com o restauro, o Estúdio Sarasá está buscando resgatar o valor cultural da Casa. “Procuramos fazer essa interação. A gente vai resgatar a parte física e também a ‘alma’ do espaço. A diferença entre reforma e restauro é que a reforma agrega valor financeiro, o restauro agrega valor histórico-cultural, para ter esse olhar cultural intrínseco. Isso está sendo respeitado e os artesãos vão poder expor seus produtos numa casa que mostra o processo de produção deles também. Em abril vamos fazer uma intervenção para mostrar para a comunidade como está sendo o processo de restauro, para integrar a comunidade”.

Nel da Silva Fialho, da aldeia Bananal, e Jamelson Paulino da Silva, da aldeia Lagoinha, são dois índios terena que estão participando do restauro. “Para eles aprenderem e levarem os conhecimentos para a comunidade em que vivem. Eles estão entendendo a Casa do Artesão como viva, ‘aplacando a fúria de chronos’”, diz Antonio Sarasá. “Eles participaram do grafismo nos tapumes da obra, aí fizemos o convite. Durante o Festival Campão Cultural falamos com o Cacique para eles participarem e eles estão entendendo um pouco da dinâmica. Além de serem os guardiões e participar do restauro, eles são fatores de multiplicação desses fatores culturais. Também fizeram as artes dos capacetes de proteção. Tem muitas mulheres que querem fazer parte, nós estamos vendo para o futuro”, complementa.

O Secretário de Estado de Cidadania e Cultura, João César Mattogrosso, enaltece a restauração da Casa do Artesão. “Estamos entusiasmados em acompanhar a intervenção histórica dessa estrutura emblemática para o artesanato sul-mato-grossense, que conta com a atenção do Governo do Estado durante a nossa gestão, a partir da sensibilidade e comprometimento do Governador Reinaldo Azambuja com o setor cultural. A entrega dessa restauração representará um estímulo significativo para os artesãos e artesãs do nosso MS, que contarão com um local revitalizado e com novos atrativos para o público, o que impulsionará a atividade comercial, bem como o fomento do artesanato regional”, destaca.

Um pouco de história

Situada em um prédio histórico e centenário que marca o crescimento da nossa Capital, a Casa do Artesão de Campo Grande é um espaço singular de comercialização do rico e diverso artesanato de Mato Grosso do Sul.

Como ponto turístico, recebe visitantes de todo o mundo que buscam a originalidade e a beleza de peças criadas com matérias-primas e inspiração sul-mato-grossense.

Como ponto de venda reúne o melhor da arte produzida por centenas de trabalhadores e entidades de artesãos, que encontram no local um local de venda importante, reconhecido e confiável.

Sua sede foi construída entre 1918 e 1923 sob as ordens de Francisco Cetraro e Pasquele Cândida, com projeto do engenheiro Camilo Boni. Foi a primeira sede do Banco do Brasil (cujo cofre é uma das atrações do local), comércio e autarquia pública.

A inauguração do espaço como Casa do Artesão ocorreu em 1º de setembro de 1975. Após restauração e revitalização, o local foi reinaugurado em 1990. A edificação é tombada como patrimônio histórico estadual. A Casa do Artesão fica na avenida Calógeras, 2050 – Centro.



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