O Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas, celebrado em 7 de fevereiro, é uma data de reflexão e mobilização sobre os direitos dos povos indígenas. Instituído pela Lei nº 11.696/2008, o dia lembra a luta de Sepé Tiaraju, liderança guarani que faleceu em 1756, durante confrontos com tropas luso-espanholas, na região das Missões (atual Rio grande do sul). Em alusão à data, o Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados (HU-UFGD), integrante da Rede Ebserh, intensifica ações para essa população.

Em 2023, o HU-UFGD ocupou o terceiro lugar no Brasil em número de atendimentos a indígenas, tornando-se referência em atendimento humanizado na região sul-mato-grossense. Em 2024, foram realizadas 861 internações (até o mês de setembro), 137 atendimentos ambulatoriais (até novembro) e 1009 consultas, totalizando 2.007 atendimentos. Uma média de 167,25 atendimentos por mês, com base nos dados extraídos do DataSus (base oficial do Ministério da Saúde) e do Aplicativo de Gestão para Hospitais Universitários (AGHU).

Assistência à saúde

O HU-UFGD reestruturou o Comitê de Saúde Indígena (CSIN) em setembro de 2022, com o objetivo de aprimorar as ações e criar ferramentas para que o atendimento aos pacientes indígenas fosse realizado de forma acolhedora e humanizada na unidade hospitalar. O CSIN é formado por duas enfermeiras especialistas em saúde indígena, membros internos, externos e da comunidade indígena.

Para Luciana Comunian, coordenadora do CSIN “as equipes de saúde prestam atendimento de forma acolhedora e humanizada, por meio de uma abordagem que valoriza os aspectos étnicos e culturais envolvidos na determinação das doenças, visando minimizar os conflitos entre o saber biomédico e o tradicional indígena”.

Inclusão e acessibilidade

Em vista de proporcionar um atendimento mais inclusivo, foi realizada uma consulta interna para identificar colaboradores falantes do idioma guarani, que pudessem auxiliar no atendimento aos pacientes indígenas. Como resultado, oito profissionais dão suporte na comunicação sempre que necessário.  

Ademais, os pacientes podem contar com acompanhantes de sua escolha durante todo o período de atendimento, conforme estabelece a Resolução n. º 105/2022 do HU-UFGD. De acordo com a coordenadora, “foram relacionados cuidadores tradicionais amplamente reconhecidos pelas comunidades indígenas, a fim de facilitar a entrada deles no hospital para suas práticas”. Ela acrescentou que novas estratégias estão sendo criadas. “Discute-se a viabilidade de criar um espaço exclusivo para cuidadores tradicionais”, anunci

Além disso, foram incluídas traduções em guarani nas placas internas de maior circulação no hospital, facilitando a comunicação e garantindo mais acessibilidade para pacientes, acompanhantes e visitantes indígenas. O HU-UFGD também promoveu encontros entre sua equipe e profissionais que atuam diretamente com os indígenas para avaliar a necessidade de ajustes nos cardápios, visando uma adaptação na alimentação que é direcionada a eles.

Ensino

Conforme explica Luciana, com o apoio de outras instituições, são realizados simpósios, rodas de conversa e exibições de documentários, fortalecendo o processo de educação permanente, valorizando e respeitando as práticas tradicionais indígenas.

Ainda segundo ela, “são feitos acolhimentos aos calouros e internos do curso de Medicina no HU-UFGD, com o objetivo de apresentar as especificidades locais e ações realizadas pelo hospital, para que tenham um olhar diferenciado sobre essa população”.

Desde 2010, o HU-UFGD conta com um programa de Residência Multiprofissional em Saúde Indígena. Segundo Jacqueline Fioramonte, coordenadora do programa, “a iniciativa contribui para a formação de profissionais comprometidos com a equidade em saúde, respeitando os saberes tradicionais indígenas. O residente desenvolve suas habilidades em um modelo híbrido, que combina a prática em cenários hospitalares e comunitários”, explicou.

Rede Ebserh

O HU-UFGD faz parte da Rede da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Rede Ebserh) desde setembro de 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo em que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.